sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

PILOTO INGLÊS

PILOTO INGLÊS ANGUSTIADO ESCREVE PARA A MÃE DO PILOTO ALEMÃO QUE ELE MATOU EM COMBATE

É seu filho. Sei que a senhora não pode me perdoar por tê-lo matado.
Mas quero que a senhora saiba que ele não sofreu. O fim veio rápido.
Ele era muito corajoso. Deve ter sido muito bom. Levava sua foto no
bolso. Eu a estou enviando de volta, ainda que quisesse guardá-la.
Suponho que eu seja inimigo dele, ainda que não tenha pensado nele ou
na senhora quando atirei em seu avião. Ele era um inimigo espião para
nossos homens. Não podia permitir que ele voasse de volta para sua
base com informações sobre nós. Isso significaria a morte para nossos
homens.
Foi uma manobra inteligente. Estávamos camuflados e ele precisou voar
muito baixo para conseguir nos ver, e o fez bravamente. Ele quase
escapou de mim. Pilotava magnificamente. Pensei sobre como gostaria de
voar como ele. Mas ele era inimigo e precisava ser destruído. Eu atirei. Tudo acabou em um segundo. Apenas um tiro na cabine, e o avião chocou-se contra o chão. No rosto dele, não havia sofrimento, apenas
excitação. Seus olhos eram brilhantes e sem medo.
Sei que a senhora deve tê-lo amado. Minha mãe morreu quando eu era pequeno. Mas sei o que ela sentiria, se eu tivesse morrido. As guerras não são justas para as mulheres. Deus! Como eu queria que a guerra
tivesse acabado. Ela é um pesadelo.
Sinto que, se eu pudesse tocar o corpo dele, ele simples-mente despertaria e poderíamos ser amigos. Sei que o corpo dele deve ser muito importante para a senhora. Vou cuidar dele e sinalizarei seu
túmulo com uma cruz. Depois da guerra a senhora pode desejar levá-lo
para seu país.
Pela primeira vez, estou quase feliz por minha mãe não estar viva. Ela não teria suportado o que fiz. Meu coração está pesado. Sinto que era minha missão. Ainda assim, agora que vejo seu filho sem vida diante de
mim e tenho a foto da senhora em minhas mãos, tudo parece muito errado. O mundo é sombrio. Oh, mãe, seja minha mãe apenas por um instante e diga-me o que fazer.

A MÃE DO PILOTO ALEMÃO RESPONDE AO AVIADOR INGLÊS QUE MATOU SEU FILHO
Caro rapaz,
Não há o que perdoar. Vejo como você está — sua bondade dilacerada.
Sinto-o vindo a mim como um garotinho assustado por ter feito mal
quando tinha intenção de fazer o bem. Você parece meu filho. Fico
feliz em saber que suas mãos cuidaram dele. Prefiro que você a
qualquer outra pessoa tenha tocado seu corpo estendido. Ele era meu
filho caçula. Acredito que você tenha visto a delicadeza dele.

Sei que seu coração está atormentado desde que você o alvejou. Para as
mulheres, a irmandade é uma realidade. Pois todos os homens são nossos
filhos. A guerra é uma situação monstruosa, que leva um irmão a matar
o outro. Ainda assim, acredito que as mulheres tenham mais
responsabilidade por essa guerra mundial do que os homens. Não
pensamos nos filhos do mundo, em nossos filhos. A mãozinha do bebê que
tocou nosso seio era tão doce que esquecemos as centenas de mãos de
outros bebês que se estendem para nós. Mas a Terra não esquece, ela é
a mãe de todos.
E agora meu coração sofre muito. Espero um dia tomar você em meus braços e deitar sua cabeça sobre meu seio para fazê-lo sentir em mim
toda sua afinidade com a Terra. Ajude-me, meu filho, eu preciso de
você. Que sua visão seja minha visão. Espalhe seu sonho de unidade e
de amor por toda a terra. Quando esta guerra acabar, venha até mim. Eu o estou esperando.
Sua mãe

Revista Grandes guerras edição especial dos 90 anos do fim da 1ª
Guerra ( edição 25 de out/08)

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